Nascemos sós
enclausurados num corpo
incompleto, frágil, que nos mantém
vitimas resignadas
prisão feita à nossa medida
identidade do que somos
limite do que desejamos
assistimos amordaçados,
à decadência
deste sepulcro que nos contém
dilacerante espanto de alma
em que vamos esgotando os dias
olhando o incerto
como se futuro tivesse,
vamos enganando o certo
e dentro desta clausura
Morremos sós
António Patrício