Caminho
de costas para o desespero
a lamúria
a queixa comezinha
o vociferar da turba
a insensatez embriagada
a praga vomitada
trilho sentido
a cada passo
sem me deter
cabeça erguida
olhos no longe
Vivo o desassossego
destes dias tranquilos
faço do mundo o meu caminho
Quando eu me for
outros o trilharão com a mesma crença
ou não, sei lá!
Neste caminhar deambulado
salvar-se-á
o verbo
a palavra deixada
(a que vou deixando)
bocados de fala atirados
à brisa tardia desta manhã
que em mim vai acabando
rendida.
António Patrício