Claro, escuro
dicotomia sobrevivida.
Ser e ânimo perdidos
nestes tempos desperdiçados
de uma vida contada, marcada.
Fantoches de uma vontade
que estranhamos
movimentados
por uma força alheia
que nos contém
Amordaçados de gestos
atados de palavras
Voz interior, estranha
cavernosa
das entranhas arrancada…
Máquinas desafinadas
de gestos repetidamente, repetidos
imperfeitos
limbo que nos tolhe
num destino condenante
Somos o caminho imperfeito
do que buscamos
almas e gentes
do que desejamos
e jamais seremos
E todos os dias renasce a ilusão
de acreditar
neste eco em nós distorcido.
Mas a verdade impõe-nos
este claro, escuro continuado
António Patrício