Quem nos espera?
Agora que o vento já se foi e o esquecimento
é mortalha para o corpo
esquálido já seco das lágrimas.
Quem nos esqueceu?
Agora que o mar que traziamos nos olhos secou
e do verde resta a areia
branca, imensidão dos dias parados nos sonhos desfeitos.
Quem somos nós?
Agora que as flores que traziamos no peito
murcharam e as cores definham sufocadas
pelas janelas da esperança entaipadas.
Quem?
Agora nos dará as palavras
conspirações do entendimento
ou um palmo de terra para nele semearmos esperanças
ventos e marés…
António Patrício Pereira