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No fundo dos meus sonhos
guardo pedaços de argila
para reconstruir o meu corpo cansado
de ser raiz de vida, prelúdio de morte.

De manhã só os peregrinos dedos
sujos de terra ocre
testemunham delicados trabalhos;
Já o esquecimento habita os meus olhos
mal abertos …
Pela janela de vidros deslavados
passam alados fragmentos de vida…

Os pássaros também sonham,
ou despedem-se do corpo durante a noite?

António Patrício

Fragmentos

fotografia de Lori Vrba (EUA)