À noite o tempo não tem tempo definido
distende-se, perguiçoso, pelas vielas
as horas abrandam,
o coração dos homens também…
Enfeita-se de gargalhadas,
na poeira luminosa das conversas…
Já não tem importância a urgência do dia.
Adormece no canto sombrio de uma tasca
embalado por uma voz velha…
Tão velha como o fado que o embala.
À noite o tempo cambaleia ébrio,
arrastando o manto das estrela pela calçada
até o cansaço fechar as vozes
no peito dos viventes.
António Patrício