Eu queria chegar além,
lá ao fim do princípio de todo o início.
Ter sede e não beber os dias sofregamente.
Tudo dizer sem os lábios mover em falas perdidas.
Queria ser o que me sustem,
matéria derramada num mar de terra;
vaguear ao ritmo desta raiva que me mantém.
Marcar os tempos que morrem com ferro em brasa.
Perder a alma, o coração;
Semear sombrias revoltas ao vento;
encarcerar os lamentos;
agarrar toda a luz da esperança e abalar.
António Patrício