Em que espelho
ficou
perdida a minha idade?
Sobeja, do fresco sangue,
a turva náusea da velhice
que se crava nas vértebras doridas.
No espelho adivinho,
a medo,
um sorriso presente
do tamanho da vida
que me teima o esvoaçar nos olhos…
Devolvo-lhe um esgar feito de entardeceres.
E enquanto a imagem reflectida
navega gestos que são meus
vou fugindo da morte
e permanecendo entre os vivos
dando tempo ao corpo
para amadurecer reflexos…
em silêncios planos.
António Patrício Pereira