Que tempo ficou por fecundar
na ausência das palavras?
Já as minhas mãos caídas
no mutismo
não se podem resguardar
na sombra do verbo…
Resta o vazio imaculado
do papel;
Campo árido,
varrido pelo vento seco
da indolência,
onde não germinam as letras
nem a vontade…
No alinhavar dos dias
resta-me esperar que as mãos
desnudem o desejo
com todas as palavras.
António Patrício