Olho e vejo o que não olho,
imóvel,
não dou pelo desfilar compassado das horas
nem pelo amadurecer das lágrimas
que me vão sulcando o rosto
sem expressão,
deixando um rasto de água salgada
na pele
que o vento bate… leve caricia.
Olho e vejo todos os silêncios
onde vou diluindo o corpo e a distancia
neste desejo de me confundir com a paisagem;
Resta-me esta realidade
por onde caminho,
passos imaginados nesta vontade acetinada
de ser terra nas palavras que te escrevo
e onde o meu olhar se confunde
na vertigem
d’um sorriso teu…
António Patrício