Por vezes a gaivota pousa nas águas o cansaço do tempo;
Por vezes os meus olhos pousam nas tuas mãos e viajam os dias que ainda estão por vir.
Quando era miúdo escrevia em cadernos sem linhas
o fundo do mar que ia até ao fim da minha rua.
Tantas vezes mergulhei em dias lentos nas águas que escrevia….
Depois a rua cresceu e eu perdi o meu mar
numa qualquer ilha sem nome que trazias nas mãos.
Por vezes a gaivota levanta voo das águas agitadas pela urgência dos vivos…
Por vezes os meus olhos ainda olham as tuas mãos.
Da viagem resta o sal da minha rua que ainda trago na pele do meu rosto
e o fim do mar que guardas no teu olhar.
António Patrício Pereira