Abro ferida luminosa na noite,
rasgada chama com que acendo
a cigarrilha que os lábios prendem.
Na boca o acre sabor do tabaco,
no peito morre a fria solidão,
quente ilusão de prazer.
Forte é o cheiro que povoa o ar…
Sigo geometrias abstractas
em fumo desfeitas.
Com o olhar fixo pontos imaginados.
Perdida é mais uma baforada
pela boca entreaberta
Vou queimando os meus demónios,
renasço a cada momento,
fico ausente…
Vou alcançando os segredos
de tempos encontrados.
António Patrício