É no fluir dos tempos que se perdem
os dias
que os olhos se abrem de espanto
nas imagens, agora, extintas
que se incendeiam as palavras,
que já não existem,
e o silêncio se transveste de memória.
É no fluir da dor que o tempo se petrifica
na pele dos homens
que as promessas acabam envelhecidas,
derrotadas.
Que permanecemos ausentes
do espelho que nos reflecte
um rosto indecifrável que julgamos ser o nosso…
É na solidez fluida da dor que o tempo
perde o texto e ganhamos a esperança.
António Patrício