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Tag Archives: barulho

O mais vulgar dos mortais

16 Sexta-feira Out 2015

Posted by António Patrício in 2015

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barulho, braços, dias, madrugadas, nariz, relógio, sangue, saudades, vida

Já tinham passado três ou quatro madrugadas, não as contara,
em que lhe pedira, entre lamentos rogados, que não se fosse… Chegou até a suplicar, ele que sempre fora altivo e dono do seu nariz.
Fez pedidos aos deuses, promessas de caminhadas a pé a um qualquer santuário, abrir mão de todas as riquezas por ela…
Prometeu melhores dias vindouros
Nada a comoveu. Nada a demoveu… Abandonou-o!
Agora só lhe restava o relógio sem ponteiros, teria de perambular neste tempo sem principio nem fim; nesta imobilidade de abandonado. Ao fim destes dias de silêncio sentia-lhe a falta; pronto!
O que mais o deixava amarfanhado era o nada que fazer, a quietude do corpo sem vontade ou força, a falta de vitalidade. Estranhava as noites sem dia… por vezes não acreditava que se fora.
Ainda rendilhava pequenos sonhos onde ela voltava para os seus braços arrependida de ter saído porta fora.
Voltava rendida às saudades e num gesto de desculpa pedida voltava a fazer-lhe correr o sangue nas veias.
Breves imagens que depressa batiam na realidade solitária da sua condição; lá se desfazia a renda num fio em novelo de angústia enrolado.
Na verdade tinha de se recriminar, nunca lhe dera o valor devido… Sempre fora descuidado com ela, por vezes arriscara a sua perda mas sempre se mantiveram unidos e agora que tudo estava calmo de maré baixa… Isto!
Fora embora sem dar hipótese de um recomeço mais brando, mais feito de compromissos.
Teimosa, era o que era; que sempre o fora.
Ainda se lembrava dos sustos que lhe tinha pregado, das ameaças que lhe tinha feito. Nessas alturas, de nuvens carregadas, não fora os médicos e ele tinha desesperado… Muita paciência tinha tido ele, lá isso tinha; e agora deixara-o assim de um momento para o outro sem lhe dar o ensejo de um ai.
Nada havia a fazer; aceitava a sua condição com um princípio de resignação. E depois, tinha de o confessar, começava a gostar desta quietude imposta. Este observar sem alvoroço o que o rodeava.
O pior eram os gritos e os choros abafados dos que vinham junto dele lamuriar e o cheiro enjoativo daquelas flores horríveis … E ele que não gostava de flores. E ele que não gostava de lamurias. E ele que nada podia fazer…
Que diabo; tinha sido a ele que a vida abandonara e não fazia tanto barulho.

António Patrício

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