As tuas mãos;
berço e caminho de todos Homens;
Aconchego de todas
as auroras.
Trazes nelas a lírica branda
dos silêncios
e a mortalha leve
dos corpos cansados de tanto navegar.
Com elas secas
o sal do rosto dos aflitos
quando apodrecem as horas de cal
no peito dos que vivendo morrem.
As tuas mãos
árvores de ramos delgados
onde os pássaros bebem a sombra orvalhada
dos dias
e eu espanto a minha solidão
nos dias de sentidos crepúsculos.
António Patrício