Há um assombro
que nos nasce
no pulsar das veias
e se derrama para lá da vida
Nas avenidas do meu corpo,
os dias passeiam
mansos
perdem-se em demoras
olham o mundo pelos meus efémeros olhos
sentem pátrias circundantes pelas minhas mãos
e, quando a luz desfalece,
no avesso da minha pele
semeiam o tempo
em esperas amadurecidas
até a noite roer,
pouco a pouco,
os diários perdidos ao acaso
na esquina das minhas veias.
António Patrício Pereira
fotografia / Raphael Guarino (Alemanha)
e assim contamos os dias….