Um dia adormecemos nas sombras
do nosso corpo.
e a música do rio que navegamos
será mais leve que o azul
plácido dos céus
Do verde brilhante das árvores só nos restará
a areia movediça em que nos vamos
esquecendo do corpo
como o vento esquece as folhas tombadas.
Um dia…
perdemos a limpidez das sílabas
e as flores murcharam, esquecidas de viver,
sobre as nossas mãos.
Atravessamos os desertos
do corpo
para renascer sob o olhar indiferente dos Deuses…
Agora só as estátuas serão nossas companheiras
na imobilidades dos dias…
Tudo continuará insensível ao amarelecimento do linho
que nos cobre.
António Patrício