É sempre tarde na tarde dos nossos dias
para emendar as horas
abandonadas na imobilidade
desta existência envelhecida
que nos sufoca… devagar.
Camuflamos o rosto com sorrisos vazios
para disfarçar o medo que temos das emoções;
iludimos o corpo
com palavras piedosas para calarmos em nós
um grito lancinante que nos enche os olhos.
Caminhamos sobre os ponteiros
instáveis d’um relógio
que nos esmaga o tempo e nos rouba o coração;
Prevalecem as palavras,
nervosos milagres,
que vamos
deixando espalhadas pela vida,
testemunhos desta vontade infindável de ser gente;
que trazemos nas mãos.
António Patrício