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Senhor dai-nos a paz dos que não têm alma;
Dai-nos a ausência do entendimento e da dúvida.
Fazei de nós bruta pedra, estátuas
inertes onde só musgo do tempo deixa marcas.
Alimentai o alheamento da carne;
Cegai a consciência dos vivos para que vivam como mortos.
Senhor daí-nos ruínas e a capacidade
de com elas nos contentarmos assim sem questionar os dias…
Fazei-nos esquecer o firmamento
para que nunca mais ergamos o olhar aos céus.
Alimentai os pobres de espírito
para que o belo nunca mais seja cor no coração dos homens.
Peço-te!
Acaba com o sofrimento dos que lêem o tempo,
as estrelas
e teimam em sentir no rosto o grande vento salgado do mar!
António Patrício