O Sol enterra-se no nosso
peito,
esconde-se das pesadas nuvens
e do vento fino,
frio,
que nos rouba a expressão do rosto
e lhe rasga os tendões
como rasgado é o pano nas mãos da artesã.
Neste dia cinzento morre a luz;
As árvores tremem nuas,
o lamento atlântico das águas
chega-nos através das fissuras da pele
e, com os vagares do tempo,
vamos escrevendo o nosso diário
neste Inverno lamentoso.
António Patrício