Perdi o chão,
agora enrosco-me na terra onde nasci
e sonho
os cheiros da fruta madura,
o hálito quente do gado,
o perfume das cores silvestres…
Mergulhos nas águas mornas do rio
com o Sol a brilhar na ponta dos dedos
e a liberdade a estalar no peito.
Viajo para onde me leva o olhar…
Espreito os dias em bicos de pés;
conto até cem
num jogo de escondidas
com a vida…
Longe na distância oiço as vozes,
vejo rostos
que foram crianças
e hoje vão perdendo o chão e o tempo
como eu…
António Patrício