Por vezes é o espanto
que me toma conta dos olhos.
Viro a minha realidade de avesso,
recrio-me neste desassossego
que vai tomando o tempo.
Infrutífera tentativa de renovar
o que já gasto foi no deambular dos dias.
Dispo a face;
gestos lentos guiam
o fio da lâmina…
É com um sorriso ácido
que vou revendo a sombra do que fui…
Estranho habitante de um espelho que reflecte
de forma grosseira o passado;
Maturação da carne!
Suspendo o espanto no olhar
e volto a vestir a face de tempo
presente.
António Patrício