Passam as memórias,
os dias de tímido sol, as noites de tão esquecidas nuvens;
Passam os ponteiros pelos espaços entre o tempo
que o relógio tem.
Passo a passo, as gentes na minha rua vão passando
pelos momentos que já vividos foram.
Passa a dor, a saudade… Até as árvores,
num esquecimento imóvel, deixam passar as estações…
Tudo passa por nós.
Que neste mutismo de estátuas graniticas
assistimos, sem esboçar um gesto, impotentes, à passagem
das areias deste deserto levadas pelo vento…
Resta-nos a sombra do que somos e o reflexo num espelho
pendurado na alma que transportamos, inocentes.
António Patrício