Julguei poder quebrar o obvio,
adiar o inevitável,
Fazer da ilusão profunda imensidão.
Adiar o tempo, viver renovados universos.
Vagabundear caminhos,
recomeços constantes dum corpo
em que, de repente,
as noites e os dias deixam escavadas marcas.
Debruçado sobre mim
vou gritando memórias desta carne
que, envelhecendo, me continua a encerrar
num esgar de vida.
Vou esgotando as horas,
cansei-me de sonhar,
tomo doses brandas de realidade…
E recuso, ainda, o que vem a seguir!
António Patrício