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Amanheço acabrunhado,
sem inicio nem fim…
Vou pisando o dia como posso,
imóvel escrita das horas passantes.
Como uma corrente de água lodosa,
vai a luz atravessando
os meus gestos parados.
Tudo, à minha volta, são cândidas
imobilidades a que me abandono…
Vagueio esperas
de uma vontade que não vem…
Vejo alheado,
de olhos fechados ao entendimento,
o desfilar da vida envolvente…
Desenho horizontes para me entreter;
Fica maduro o dia, transmutadas horas…
É na noite que me reencontro;
nela tudo termina e recomeça.
António Patrício