Hoje não vou escrever…
Não tenho vontade, não me apetece.
Vou deixar o tempo das palavras;
Abraçar a imobilidade do pensamento;
e dar rédea solta ao olhar.
Não quero amores derramados
nem caligrafias profanas a imacular
o branco puro do papel…
Nenhuma palavra será parida
por este ventre azul que manejo.
Vou esquecer o tempo
das metamorfoses escritas.
Vou abrir o silêncio e descobrir
o segredo desta morte
longe do meu corpo.
António Patrício