Era uma vez o amor,
história relida
a cada momento
na nudez dos olhares.
Cumplicidades mudas
de gestos vibrantes;
páginas de fragilidade
que retenho à flor da tua pele.
Vou desfolhando
palavras ditas em surdina;
fecundadas noites
de encontrados corpos.
Vamos decifrando
enigmáticos caracteres
na curva do desejo
a cada beijo trocado.
E quando a madrugada
chega do seu leito
de horizonte coberto
é a palavra exausta
que vai encontrar
nas nossas mãos
ainda entrelaçadas.
António Patrício