Eis a esguia imagem deste rio que a meus pés corre.
mergulho as raízes nesta terra fértil.
Entrego aos ventos verde esperança.
Deste tempo não sei latitude nem longitude;
despeço saudades, memórias.
Mantenho o desassossego acordado,
vou vivendo metamorfoses a cada momento… E gosto!
Deixo envelhecer o silêncio de gume afiado
que outrora me feria o ouvir,
oiço agora um bater de asa perdido no meu coração.
Sorvo o cheiro da fruta madura,
o odor da terra molhada pelas águas; encho os pulmões
que se estendem até ao fim dos dias…
Construo tão grandes catedrais
em dura pedra pela vontade talhada
onde aprendo a insignificância que trazem os homens no peito,
e deixo o olhar navegar os longos mistérios das águas.
António Patrício