Amarelos, azuis…
Verdes escorrências.
Riscos vermelhos traçados
pelas veias rasgadas…
Aos brancos da tela deserta,
de tão povoada,
junto rosas pálidos, murchas flores
à mingua de alegres lágrimas.
Pinga o laranja em misturas ensaiadas
nos cítricos corações.
Um traço carregado de castanho
dá-me chão.
Deito mão da bege mistura ,
e como um deus dou forma
aos corpos nus…
Um leve cinzento marca as sombras,
contorno ligeiro dos rostos
desmaiados.
Salpico, aqui e ali, lilás, magenta…
Com índigo e púrpura
abro céus e infernos tão bonitos.
É com preto que invento noites,
fechados horizontes,
onde alimento os medos
que me embalam a mão no movimento.
António Patrício