Nem sempre nasce o dia à hora certa
fica de conversa com a noite à esquina
do mundo.
Perdidos na volúpia do momento,
trocam estrelas por raios de luz;
De inveja morre a Lua que pálida se retira.
Em ralhos arreliados chama o Sol
pelo dia… Já a velha Terra treme de frio.
Vai a noite com as estrelas
até à curva desaparecida do horizonte.
Por vezes, quando a teu corpo se cala em
ausências sentidas,
fico sossegado na penumbra,
encostado à janela,
e vou seguindo, melancólico, a conversa.
António Patrício
(imagem por Nélia Hilário)