Carrego, vergado ser, em ombros os sonhos
que um dia foram alimento da inocente idade.
Em cada esquina desta existência vou juntando
tombados desejos que a circunstância ultrapassou.
Absurdo tempo que de ponteiros caídos
esquece a vida e o lamento dos corpos.
Do futuro não adivinho a cor
só do presente tomo o sabor em trabalhos
consentidos.
Vou sufocando o eco do silêncio em gritos
chorados.
Presentes segredos que palmilho antes
que a luz se apague e o meu tempo finde.
António Patrício