Hoje tomei café com a alegria,
Tempo de palavras o nosso;
do verso ainda lhe sinto o respirar
na curva do meu pescoço.
Fui sorvendo as frescas falas
ao som do quente líquido.
falou-me dos dias, do sol que ternamente
abençoou;
por instantes, ausentes esquecimentos,
foram a idade que temos.
Regressávamos ao momento
a cada página virada,
breves partidas se seguiam,
gestos espalhados pela mesa.
Entornamos vidas no descuido da urgência;
apanhados os singelos fragmentos,
reconstruimos verdades, sonhos…
Tanto e nada!
Deixei-a no café ainda agarrada
ao verbo simples.
Voltei à realidade longe desta ilusão
onde me perco aos bocados.
António Patrício