Aqui há gente,
restos orvalhados
de uma madrugada
feita em delicados trabalhos.
Dos sonhos
pouco ficou
e o resto azedou
nesta luta,
de derrotas impostas,
sem vontade ou desejo.
Onde estão as radiosas manhãs
do provir?
Tantas foram as mentiras,
armadilhas no caminho.
Olho para os dias vindouros
e não lhes reconheço
a memória.
Vou perdendo as forças
passo a passo.
O sal é chaga rubra
que arde nesta existência
sem projectos…
A perplexidade não os deixa!
Interrogo, insistentemente,
esta mágoa que trago no peito.
Vivo lentos dias que desconheço.
Aqui há gente… Teimoso existir.
António Patrício