Percorri as ruas, tantas,
só para alimentar a ilusão
da tua face quente
ter perto de mim
em abandonadas falas
da outonal cidade.
Apanhei todas as folhas caídas
das, agora, despidas árvores
na vã esperança
que nelas permanecesse,
ainda, um sinal teu…
um fio de Sol tombado
dos teus olhos,
uma cor viva deixada
pelo teu sorriso ao acaso,
um rasto luminoso
do teu corpo.
Neste Inverno onde dorme
o que sou
em esgotadas forças
do corpo e da alma,
ainda guardo algumas folhas;
amuletos para afugentar
o esquecimento
e a pressentida velhice.
António Patrício