Eu disse-to em verbos repetidos.
Espalhei sinais nas negras nuvens
destes dias amputados.
Fiz do impensável obras possíveis.
Plantei árvores em ilhas de sal,
carreguei magníficos mundos
debruçado sobre o teu rosto…
Escrevia a tua breve voz
nas escamas reluzentes da minha pele,
Acordei as memórias que dormindo
repousavam no sono alado da saudade,
matei os dias para sonhar as noites,
flori os leitos secos dos rios
navegando barcaças pela areia fina…
De cada jornada regressei
sem de ti haver um sinal;
uma luz que a esperança iluminasse.
Vou sacudindo as cinzas
da vontade consumida em trabalhos;
cansaços tamanhos.
E abandono-me nesta imobilidade
em que repouso o corpo
do tanto desejar.
António Patrício