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ancestral, deambulados, razão, respirar, sangue, vagabundos, velhos
Nascemos velhos,
de um tempo ancestral.
Repetição inacabada de células,
herança de incalculados universos.
Vagabundos de um mundo
à nossa medida imperfeito.
Somos clepsidra moribunda;
em deambulados dias.
Débeis criaturas errantes,
perdidas em submerso respirar,
atmosfera que nos corrói
a carne e enfraquece o sangue.
Nesta, consentida existência,
inconscientes, em alegrias breves,
cansados de nascer,
vamos esquecendo o ser.
Vai morrendo o físico momento,
fica o confuso pensamento
que perdido se foi perdendo,
lentamente, por entre os dedos.
E sem entendimento achar
um dia, em embalados movimentos,
da nossa finita razão,
descobrimos o quanto jovens somos.
António Patrício