Passo pesado, lento
cá vou caminho fora.
Bolsos
cheios de palavras
cuidadosamente embrulhadas
em papel de seda.
Subo a colina mais alta do meu querer.
Olho o horizonte
que se confunde
com a minha realidade.
E, uma de cada vez,
desembrulho as palavras
do seu fino casulo
para que voem livremente
até aos teus lábios.
Mal de mim!
Muitas foram levadas pelo vento
e as restantes ficaram presas
nas árvores circundantes.
António Patrício