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Calo a urgência
das vozes que falam
derrubo a presença
e deixo-me flutuar
neste líquido morno
em silêncio cúmplice.

Fecho-me a muitas chaves,
escondo-me das palavras sem rosto,
e deixo correr o crepúsculo
que em mim se instalou
peço apenas o mutismo
dos dedos crispados.

Ausento-me dos dias.
Vagueio,
caminhos longe,
sem o corpo mover
e deixo-me flutuar
abafando o ruído a cada respirar.

António Patrício