Vi um tempo a dois tempos.
Vi a consistência do nada na nuvem que passa,
o destino dos homens no voo dos pássaros,
o eco no ruído dos calhaus quietos,
a paisagem nos rostos passantes.
Vi a liberdade nas grades do delírio,
mundos irreais na palma da mão,
a vontade nos que vão desistindo,
o sonho na realidade dos pesadelos.
Vi o tempo a dois lamentos.
António Patrício